[04 ago 2009 terça-feira] Carta de desmoronamento
Ando suspirando demais. Ando lacrimejando demais e não é de dor, antes fosse, pois com algum antiinflamatório aniquilava tais bactérias humanas. Eu procuro andar pelas ruas, procuro me encontrar no mais leve balançar da gangorra, nesse parque sem diversão.
Quando eu parei e gritei, esbravejei, não foi por mim, não foi. Foi por tudo o que não foi, que você fez, e não por mim. Se eu peço "Fique!" não é por que eu quero, não faço por você, faço por mim. Eu só esperei um pouco de hombridade de sua parte e pela primeira vez assumir o quanto desrespeitoso foi o que fez, mas não, você não foi capaz mais uma vez, mas tudo bem, eu sou homem por nós dois.
Sabe, eu buscava o amor, alguém que me completasse, que fizesse parte dos meus loucos dias. Eu encontrei amores por esses anos vividos, encontrei um vasto campo de flores de diversas cores e formas, tratei e cuidei delas da melhor maneira que pude. Da ultima vez eu não encontrei um amor, não, eu sei que não, e como diz o filme "era uma sorte, uma sacanagem, eram dois celulares desligados, não era amor...era melhor...".
Sim, era melhor, o que senti não descrevo, assim como não se sabe descrever a vida após a morte, se ela realmente existe. Eu busco viver após a sua morte. E o que isso quer dizer?! É simples e claro, te velei nesses dias, deixei flores, brancas, sim, flores brancas em sinal de paz no teu jazigo. Eu fui depois de ter chorado, não queria que me visses chorando, você já deve ter cansado de me ver chorar, é por que realmente sou mole e choro a toa; mas no teu jazigo eu não chorei, eu deixei as flores, rezei por você, para que sua alma se encontre, assim como ela e a minha se encontraram um dia, que ela se deleite na luz de outras e outras. Mas um conselho, amigo, não assuste a outros, busque luz e eu rezarei por você sempre. Farei, se preciso, uma novena.
Se é que vale a pena rezar por almas perdidas.
É engraçado como tudo aconteceu e ainda acontece. Sinto-me, como um homem-aranha, envolvido em teias, nessa arvore "genealógica" do amor..."João que amava Maria, que amava José, que amava"...Pára! Não quero mais essa vida, eu cai de gaiato numa história que não me pertencia, que o destino preparou e hoje sofremos juntos, algo sem pergunta nem resposta, sem conversas. E o amor que nos unia? Hoje não une, não mexe, aos poucos nos separa e enquanto as mãos envelhecem. Já levantei bandeira branca há muito tempo, mas a guerra parece ainda não ter tido fim e vejo dos lados bombas de sofreguidão lançadas ao coração e o que somos nós então?! Um punhado de areia jogado ao vento, ao relento. Isso dói, machuca e eu não posso, não quero mais.
Se hoje minha língua adormeceu, foi para não falar demais. Se eu não disser nada, não é por que eu não tenho algo a dizer, só não desperdício mais meu vocabulário com você.
Se eu sumir, me procure no ponto mais alto da montanha, mas acho que seria pedir demais, você jamais faria algum esforço por mim. Sendo assim, o que nos resta é o nada, pois essa estrada a gente sabe onde vai dar.
Em nada.
À você, minha sorte, flores brancas. À você, meu amigo, minhas eternas lembranças. A todos, meus amores e amigos, meus agradecimentos.
Saio daqui agora e fico fora por uns tempos.
Ósculos e amplexos e meus sinceros sentimentos.
Com amor.
A.V