11.30.2007

Semana Bethânia - Quarta

Quarta

Eu não sabia, tu não sabias
Fazer girar a vida com seu montão de
Estrelas de oceano entrando-nos em ti!
Bela, bela, mais que bela!
Mas como era o nome dela?
Não era Helena, nem Vera
Nem Nara, nem Gabriela
Nem Tereza, nem Maria
Seu nome, seu nome era...
Perdeu-se na carne fria
Perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia
Perdeu-se na profusão das coisas acontecidas
Mudou de cara e cabelos, mudou de olhos e risos,
Mudou de casa e de tempo
Mas está comigo está
Perdido comigo
Teu nome

Trecho do Poema Sujo de Ferreira Gullar
(Disco Maricotinha ao Vivo - 2002)

11.29.2007

Semana "Bethânia" - Terceira

Terceira

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:
Não sei. De fato, não sei
Como, por que e quando a minha pátria
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liqüefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...

Trecho do texto: Pátria Minha de Vinícius de Moraes
(Disco Brasileirinho - 2003 )

11.28.2007

Semana Bethânia - Segunda

Segunda



Eu sei que atrás deste

Universo de aparências

Das diferenças todas

A esperança é preservada

Nas xícaras sujas de ontem

O café de cada manhã é servido

Mas existe uma palavra

Que eu não suporto ouvir

E dela não me conformo

Eu acredito em tudo,

Mas eu quero você agora

Eu te amo pelas tuas faltas,

Pelo teu corpo marcado, pelas tuas cicatrizes

Pelas tuas loucuras todas, minha vida

Eu amo as tuas mãos

Mesmo que por causa delas

Eu não saiba o que fazer das minhas

Amo teu jogo triste

As tuas roupas sujas é aqui

Em casa que eu lavo

Eu amo a tua alegria

Mesmo e fora de si

Eu te amo pela tua essência

Até pelo que você podia ter sido

Se a maré das circunstâncias

Não tivesse te banhado nas águas do equívoco

Eu te amo nas horas infernais

E na vida sem tempo quando sozinha

Eu bordo mais uma toalha de fim de semana

Eu te amo pelas crianças e futuras rugas

Eu te amo pelas tuas ilusões perdidas

E pelos teus sonhos inúteis

Amo teu sistema de vida e morte

Eu te amo pelo que se repete

E que nunca é igual

Eu te amo pelas tuas entradas,

Saídas e bandeiras

Eu te amo desde os teus pés

Até o que te escapa

Eu te amo de alma para alma

E mais que as palavras

Ainda que seja através delas

Que eu me defenda quando digo que te amo

Mais que o silêncio dos momentos

Difíceis quando o próprio amor vacila


Texto: Quando o Amor Vacila - Autor Desconhecido

(Disco Maricotinha ao Vivo - 2002 )

11.27.2007

Semana "Bethânia"

Começarei hoje uma semana dedicada a Maria Bethânia e suas poesias declamadas, que tocam, que são belas.

No final, falarei o por que dessa "semana Maria Bethânia".

Primeira

...Sou eu mesmo, o trocado,
O emissário sem carta nem credenciais,
O palhaço sem riso, o bobo com o grande fato de outro,
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.
Quanto fui, quanto não fui, tudo isso sou.
Quanto quis, quanto não quis, tudo isso me forma.
Quanto amei ou deixei de amar é a mesma saudade em mim.
Sou eu mesmo, a charada sincopada
Que ninguém da roda decifra nos serões de província.

Texto: Sou Eu Mesmo o Trocado de Fernando Pessoa
(Disco Maricotinha Ao Vivo - 2002)

11.12.2007

Dia-a-dia

Enxerguei em teus olhos o brilho que escondes
Teu sorriso de perfil também me faz sorrir
Em meio a tanta turbulência
de dias sem graça
que o vento faz questão de me trazer
o suor obrigatório que vivo em meio a esse inferno
de preocupações e sentimentos confusos.

Nos teus olhos me fixo,
a verdade escondida na caixa ao lado da cama
que me faz lembrar todas a manhãs
de que ainda vivo,
vivo nessa insensatez de luxuria e medo
Que a coragem me falta
para poder ser o grande homem que não almeja,
Conquista!

Lógico, ilógico, os dias tem sido assim,
mudam com o brilho dos teus,
pena que não posso arrancá-los para tê-los aqui
nas mãos, nos bolsos, pra mim.

Incoerência! Infrutífera mente humana,
leve e atordoada que adoece o coração,
tira os sentidos dos passos
que por caminhos incertos
titubeia e me trás a dúvida,
as perguntas de que não tenho as respostas.
Torturante!
Quanto maior a resistência para comigo mesmo,
mais doloroso o fio da tortura.

Vejo, revejo, penso, despenso o que não me agrada.

O tempo que bate no relógio é lento demais
para o tempo que necessito para realizar
tudo o que tenho. Tudo que preciso fazer.

Mas a esperança vem, e o conforto também,
trazendo-me minutos de bons suspiros
tirando de mim a fileira de cartas de espada,
trazendo a solução, o truco desse jogo
sem lógica e sem métrica,
que chamamos de "dia-a-dia".

( Adriano Veríssimo - 12/11 )