12.12.2009

Aquele encontro no desencontro.

"A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros nesta vida" dizia Vinicius, artisticamente. Já Paulo Coelho em espiritualidade diz "Os encontros mais importantes já foram combinados pelas almas antes mesmo que os corpos se vejam...". O terceiro, no qual admiro muito, Pessoa, disse de forma clara e humana: "Há desencontros, é fato. Alguns mais dolorosos que os outros, alguns mais definitivos que outros, alguns que implicam em despedidas, outros que só implicam em distância, outros, ainda, que intensificam a saudade, mas existem aqueles desencontros que só aumentam a vontade. ".

Desencontro de mim para achar em outro alguém o que em mim já tem. E nesse encontro de desencontros, essas idas e voltas, essas vontades frustradas de desejos mútuos, o encontro de alma, espírito e corpo, se dilaceram por pouco. São doces encontros, são mágicos esses momentos, que por seu momento são apenas momentos. Se isso por acaso lhe parecer óbvio, ou talvez confuso, digo que por um segundo se faz um momento, e se desse momento for um doce encontro, valerá a pena ter desencontrado de ti.

Vejo um encontro, como daqueles em mesa de bar que alguém se senta à mesa, ou passa por você te cumprimenta, sem você nunca ter visto a (o) dita (o) cuja (o). Naquele pequeno instante, ou num insigne momento, algo se cravou. Em meses, anos, nada verdadeiramente cronológico, aquela pessoa, insigne em tal momento, hoje é sua melhor amiga (o). Incrível. Hoje aquela pessoa, talvez, amigo do amigo do conhecido daquela festa em que você bebeu todas e ele se lembra de tudo isso, e você, por sua vez, nem imaginava que ele (a) existia.

É fato, que todos nós já nos encontramos e nos desencontramos em algo ou alguém. Aqui não falo de objetos, por isso falo de "alguém", algo parecido com humano, não digo se é homem ou mulher ou camaleão, sei que sente ou diz que sente, pensa e muito. Esse alguém, ou mesmo, "alguéns", pois talvez esteja falando de mais pessoas, enfim, atualmente, penso nesse encontro, louco, súbito e que hoje é puro desencontro. Quando me deixei encontrar por esse alguém, pois creio que seja uma aceitação, quem sabe os nossos anjos também fizeram amizade ou se apaixonaram e por isso essa vontade louca, amor incondicional, inseparáveis, aquela doce vontade de estar junto e não digo de impulsos carnais, digo de um amor puro, um estar bem por estar com o outro - a princípio falo de amizades. Pronto. Iniciado uma história. Uma grande incógnita, pois apenas confiamos e pronto. São confidências, aventuras, liberdade de expressão, carinho, gostos em comum e tantas outras coisas que lhes une mais. Em pouquíssimo tempo, fazem parte um da vida do outro - agora falo de paixões - são inúmeras mensagens SMS, ligações pra tudo, a necessidade de ouvir a voz e contar e expor mais e mais sua vida, entendo que não seja expor, muitos dizem: compartilhar, mas ao meu ver é tudo a mesma coisa; em tudo é preciso estar junto, em tudo é preciso explicar, convidar e sonhar; e na cama, é o prazer de sentir o corpo do outro, o membro rígido e latejante, é o extrato bancário do desejo animal, é o momento em que se sente vivo e desejado por esse alguém.

"Quando o entusiasmo penetra em tudo que fazemos, não pensamos no que passou ou no que se passará: pensamos no que se está passando conosco." e "Tudo que se passa no onde vivemos é em nós que se passa. Tudo que cessa no que vemos é em nós que cessa" e por ultimo "Tudo que existe talvez por que outra coisa existe. Nada é, tudo coexiste: talvez assim seja certo." Cito novamente Coelho e Pessoa, e ao citá-los, reflito, que tudo é simples, complicado são nossas ações e interioridades.

Importante, que em tudo, exatamente tudo, tem inicio e fim, o meio é inúmeras vezes imperceptível. Esse roteiro cíclico em que vivemos dia-a-dia, é uma avaliação de matemática que tiramos prova real sempre; afinal, você ainda continua amando seu primeiro amor? Você ainda tem contato com a amiguinha da escola, que você dizia sua melhor amiga? E a madrinha da sua sobrinha, por onde anda? O que era gostoso há um ano, ainda é hoje? Os amigos são os mesmos? Os afazeres então, a rotina, a mesma? Os prazeres e devoções? O seu coração, continua o mesmo?. Não poderia responder por você, mas dentro de mim, muito mudou neste ano e nada, em mim, é igual. Agora é o fechamento de um ciclo e que outro, e outro, outros, se iniciem, e eu estarei aberto, aberto para novos encontros e desencontros - inevitáveis.



[Ultimo texto do ano.
Um Feliz Natal a todos e muita luz em seus caminhos de 2010.
Beijo Grande,
Adri Veríssimo]

12.01.2009

Um pouco de Caio e de Ana...

"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"

[C.F.Abreu]



** tudo a ver...