5.19.2009

Louco em Devaneio

Hoje vasculhando na net, encontrei uns poemas, umas frases minhas no site "Recantos das Letras", onde me cadastrei e postei algumas coisas em 2006. Posto agora algo que escrevi, achei forte e foi bom lembrar da época que escrevia irregularmente, sem medo, sobre qualquer coisa.
"Maldita cobrança de sempre ser melhor"

Louco em Devaneio

Não quero pensar nisso hoje,
nem amanhã,
nem depois de amanhã,
porventura os dias seguintes
seriam capazes de me devolver a paz?
estou tonto,
tonto de tanto pensar,
de tanto agir, ou das duas coisas.
Meus pés perdem as calçadas
e as ruas sempre são
curvas irregulares
que insistem em levar-me para algum lugar.
o coração pulsa, como pulsa o sangue
que corre pelas veias,
pulsa como as batidas dos sinos
que tocam em meus ouvidos
surdos de tanto ouvir
as meras palavras
de pobres e infelizes seres humanos
que não sabem o que os espera
eu sei viver a vida
da vida que me é posta a prova
sei corrigir com lápis
as alucinações dos pesadelos
de um sono sem fim
acordo! vivo!
eu apenas estou aqui
metódico, almejante mas sem força
de lutar a favor da podridão
das ratueiras armadas no cérebro
imbecíl, de quem mal sabe abrir a porta
que não sabe gritar ao mundo
ou gritar ao mundo do seu próprio eu
seriam capazes de me devolver a paz?
roubaram-me e estou a procura do infeliz
que não sabe lutar pelos seus vãos argumentos
de homem, de mulher, de bicha, de animal
Estou tonto,
tonto de tanto pensar,
tonto de falar, ou das duas coisas.
digo pra quem quer me ouvir
a vida é sempre a mesma
desde a criação da terra,
os seres que tem patas
que comem, que sentem frio,
que sentem calor, que nascem de um outro ser
que se diz pensante
que se diz amante,
que se diz astuto,
somos os mesmos
os mesmos macacos irracionais
somos a mesma podridão
que se dissolve horas após
do coração que pulsa,
que faz o sangue correr pelas veias
pare de bater a seu favor.
Pare de bater nos elevados
da vida medíocre
dos poderes que achas que é suficiente.
Idiota!
Seja anormal por um dia,
por uma hora, por um segundo
e saberás que não existimos,
que não somos,
saberás que fomos,
saberás que nunca seremos,
nunca seremos mais do que
queremos ser.

(Adriano Veríssimo 16/09/2006)

....

Obs. Por agora só me desejo boa viagem!

5.11.2009

Momentos Paulistanos *08


Noite num condomínio da periferia de São Paulo. As meninas novas, sabedoras de tudo e suas entranhas ardentes, conversam e riem; de um lado os meninos, do outro as meninas. Os meninos falam sobre o primeiro baseado, se mostram para as meninas, que por sua vez se fazem de desentendidas e apenas riem. De um lado é a "a irmã", de treze anos, do outro "o irmão", com seus dezenove, este por sinal, só ouvia as mentiras dos meninos, enquanto observava a reação de sua "irmã". O irmão, era dependente químico e viciado em sexo, mas era novo nessa turma, veio da casa de sua tia do interior, com quem morou quase a adolescência toda, foi expulso do colégio por atentado ao pudor a professora - enrabou-a enquanto ela procurava o giz que havia caído no chão.
A irmã, sempre muito tímida, sonhava em perder a virgindade com um rapaz bom, trabalhador e que eles tivessem mais de três anos de namoro, seria o suficiente para conhece-lo.
Naquela noite, ela entrou no banheiro para se banhar, o irmão entrou em seguida, impedindo-a de fechar a porta. Ela forçou, ele resistiu. Estavam só em casa, sua irmã mais velha, lésbica, tinha ido tocar num bar de Pinheiros; sua mãe viajado para a casa da avó para visita-la e seu pai, era falecido.
A irmã, teve medo, os olhos do irmão era assustador. Ele trancou a porta do banheiro, prendeu-a nos seus braços contra a parede e tapou sua boca.
Abaixou sua calcinha, ela chorava. Enfiou o dedo indicador na sua vagina - ela tremeu. Roçava sua jega, na bunda dela. Sussurrava malícias em seu ouvido. Botou-a de frente e apenas disse:
"Se você fizer algo, eu te mato, então faz tudo o que eu mando e goza...maninha!"
Virou-a de quatro. Meteu. Meteu. Sangrou. Meteu. Gemia. Ela gemia bastante e já chorava pouco. Eles se beijaram. Linguas, peitos, dor e paixão. Gozaram juntos.
Banharam-se. Se despediram com um beijo. Ele saiu, pra buscar o pó e ela chorou baixinho no quarto.
Ela escondeu de todos.
Meses depois. A bolsa estourou. Chamou sua irmã lésbica, e disse que ía ter o bebê. Ninguém sabia. A irmã, não entendeu.
Nasceu o bebê, menino, bonito, sem defeitos, sem roupas e sem enxoval.
A "irmã" apenas chorou quando soube o resultado:
ele "também" era soropositivo.

5.04.2009

É tão difícil

Me ensina?
Me ensina a não ser mais eu
Não quero muito
Me ensina a observar mais e olhar menos
Eu quero, mas...
É tão difícil
Por favor...
Por favor...

Me ensina?


.....