O furor de uma fascinação estática, de um momento escatológico, onde o roteirista perde o fio da meada da história que o tanto fascinava. Sendo assim, novos personagens foram escritos, um novo romance construído, características dos anteriores podem haver nesses, mas não serão iguais; mesmo o ríspido vírus da máquina de escrever que o roteirista transmite de suas mãos, não é capaz de infectar o tamanho sentimento que o roteirista escreve com coração estilhaçado, expondo sua vida em páginas e páginas. Sua vida sem graça, retratada com emoções de um casal feliz, sabendo que em seus dias sobre a terra os únicos felizes foram: seu primeiro beijo, seu primeiro aniversário com bolo e velinhas, seu primeiro poema, seu primeiro tombo e seu primeiro vôo.
Como árvore, enraizado em sua terra, vermelha e preta, conta seus dias da infância, de suas idas ao rio, quando a água era para se nadar e beber; conta também de sua solidão, de suas pústulas, pápulas e comedões. Das mulheres que não teve, e das que não quis ter. O roteirista, não aceita ser chamado de poeta, dramaturgo ou escritor. Ele organiza a vida de seus personagens de forma métrica, sem adjetivos. Dele se espera o frio da boca rachada em carne viva. Mas não se assuste, o roteirista também sabe amar, colocar as palavras, as ações, os movimentos e a ideologia em seu lugar.
Mesmo com dizeres inoportunos, o roteirista é simpático, conversador, muito falador, mas não aceita de maneira alguma ser chamado de poeta, suas motivações são vans e não profunda a ponto de transmiti-las em folhas.
O roteirista já foi amante, amado, amigado, amigo, abastado, aliado, inseguro, confiante. Seus aspectos lisonjeiros é apenas uma armadura que se faz para não falar de flores e frutos, do inverno ou do outono, e sim do chão e da raiz. É um homem racional, terreno, com sangue de italianos - é forte e sempre lógico. Mas o roteirista amou. O seu amor foi imenso, imenso e intenso, imenso e sem lógica, imenso e incomum, imenso e prazeroso, imenso e sexual, imenso e com rosas. Ele foi louco com seu amor, surtado de tanta paixão, que o consumia dos pés ao pescoço. Quando seu amor partiu, como em navios negreiros, seu coração derretou, o tamanho amor que tinha que o queimava de paixão, queimou seu sentimento e hoje ele é feito de cinzas, cremado, preto e sem vida. Porém o roteirista prossegue, ele quer continuar, não a amar pois não seria capaz novamente, mas viver e poder roteirizar o que lhe convém.
O roteiro é interessante, feito de loucas idéias, vidas cruzadas, pessoas interessantes, com loucuras de um ser, que de tão lógico, se torna extremamente irritante. As fases são meio, fim e começo. Irrealidade!
Na infância, quando roteirista fez seu primeiro poema, chorou com a catarse de seu próprio sentimento, e guardou em uma caixa, no fundo de seu guarda-roupa, lembrou depois de muitos anos e foi procurar, encontrou a caixa, e em meio a outros papéis lá estava seu primeiro poema, mas não conseguiu ler, as escritas a lápis se apagaram com o amarelão do papel. Não lembrava o que havia escrito, lembrava que foi o poema mais lindo que havia escrito, o unico que lhe emocionou, pois nele constava seu mais puro sentimento.
O homem duro também chora. Quando seu pai faleceu, ele fez uma oração, que Deus o cuidasse lá no céu. Nesse dia, o mundo desmoronou, seu chão não existia mais; as lágrimas não cessavam e seus pensamentos não faziam parte da reação aflita, dolorosa e anti-humana que sentia. O que faria agora? Era jovem, seu pensamento, depois daquele verminoso dia, não seria o mesmo. Viu muito sangue, muita tosse, choro e respiração profunda. Seu pai no caixão, as flores e o cheiro de velório. A loucura e os traumas do ser humano está em sua história, na história em que ninguém viveu em seu lugar.
O amor fraterno, a paixão em cinzas, os traumas da juventude, os dias silenciosos e o medo da solidão, faz o roteirista - poeta que não é, dramaturgo e escritor que ele não aceita ser chamado - viver os dias enfrente a máquina de escrever e o barulho das teclas que ouve-se alto em meio ao silêncio que paira no seu quarto em meio a tantos livros, papéis, telefone, cama e travesseiros.
O roteirista morre a cada história de amor que escreve e nasce novamente ao sentar em sua escravaninha.
O roteirista escreve sobre sua vida e nada mais.
( Adriano Veríssimo - 02/04/07 )
Bjo grande,
Adri Veríssimo
4.04.2007
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2 comentários:
Como sempre, um verdadeiro escritor. Mas me surgiu uma dúvida!
Esse roteirista por acaso é você?
Se não for, é mto parecido mano!
hauhauhsuahsuhas
Abraço e vamo marcar de sair!
Renato
E ae Renato,
Blzinha maninhu??
Puts desculpa soh responder agora...Apesar q jah nos falamos, mas é q não tinha respondido esse e-mail...rsrs
Eu o roteirista?? hmmm...não não...Não sou tão intenso, e tão melancólico assim! rs
grande abraço e se cuida maninhu!
E vamu sair de novo...beber Caipiroska de Kiwi!
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