8.29.2007

[...E que eu...]

Quem nos dera poder ser 10% porcento de uma criança e conquistar a sabedoria e a inocência e a virtude de ser e gostar do que realmente é. Máscaras! Usamos máscaras o tempo todo, será que ainda nos reconhecemos? Será que reconheço o homem que realmente sou? Você por acaso sabe o que gosta, o que sente, o que deseja?
Obrigados a pensar em vãs filosofias de vida, de agradabilidade dos nossos derredores. A que ponto chegamos? Botamos fé em qualquer coisa, cremos que somos infalíveis, sem saber que não conhecemos o suficiente. Não quero aqui levantar bandeira para nada, e nem para coisa alguma, quero expor o meu pensamento - ridículo? Talvez, mas é meu e ninguém me tira. O que mais podem tirar de nós, além do caminho, da nossa felicidade, do amor, do verde, da paz, do querer, do poder, de ser, de agir, de, de, de, de tantas coisas que passam em minha cabeça nesse momento.
Semana passada, estava eu vindo no ultimo trem, era quinta feira, eu lembro bem, eu estava cansado, depois de um dia exaustivo de trabalho e de um ensaio meio estranho, vinha eu no trem, com poucas pessoas, e na estação de Presidente Altino, uma antes de eu descer, entram a mãe e dois filhos, de no máximo, uns 10 - 12 anos, pequenos, desnutridos, (e sem preconceito algum, pelo contrário, posto aqui pela revolta ) negros. Estava frio, e eu estava com blusa e toca, e ainda estava friozinho, e eles estavam de bermuda e de chinelos, com uma blusa bem fina. A mãe, ela separava as balas num saquinho e os dois estavam vendendo, gritando: "Um pacotinho de bala é 50 e 03 é R$ 1,00...". Eu parei, estava levantado já, e continuei parado e olhando para os garotos, um deles me olhou e continuou a vender, eu continuei observando, e no momento, durante 02 minutos não pensei em nada, nada mesmo, não sabia o que pensar, até sair do trem e perceber que estava um pouco mais frio do que eu pensava, e que já eram meia-noite, e que eu estava voltando pra minha casa, e que ia dormir, e que eu tinha cobertor, e que eu tenho vinte e um anos e eles dez, e que eu estudei e nessa hora com essa idade eu estava dormindo, e que eu sou mais um ser humano mesquinho, ridículo e idiota que mora nesse planeta................

Adriano Veríssimo

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