6.30.2008

Enquanto menino...

Tenho saudade, é, saudade mãe. Saudade de quando dormíamos a tarde, depois do almoço. Que passava o meu tempo entre gibis, discos e tv. Sabe aquelas tardes ensolaradas? Que o começo da noite é bem fresca, que todos os vizinhos se reuniam nas calçadas e meus pés sujos de tanto correr? Então, era tudo simples, era tudo tão bom.
Sabe mãe?! Lembro de como éramos cúmplices, cúmplices de dias inteiros juntos. Eu com meus afazeres diferentes e os seus de do lar. E as minhas satisfações eram somente pra você que eu devia, que não me julgava, só corrigia.
Você nunca me bateu né mãe? Mas tenho apanhado tanto na vida e as vezes fico com hematomas, no peito, lá dentro.
É verdade...bem que você dizia “Para aproveitar enquanto menino eu fosse, pois era a época mais gostosa da vida”, mas eu quis crescer, ser homem, dono do meu próprio nariz – tolo né mãe!? – fazer o que se é assim!?
Tenho saudade mãe, saudade de ser menino, de correr e se perder, de voar bem alto e cair atrás do sofá. De mirar um ponto e arremessar o aviãozinho de papel. De brincar muito, capotar de cansaço no chão da sala, adormecer, você me botar pra dormir e deixar-me tomar banho no dia seguinte.
Saudade mãe, uma saudadezinha, de não precisar saber quem eu era...só ser.
Só sentir, só viver, só sentir saudade de quando isso tudo passasse e eu não percebesse.
E passou.

10 comentários:

Tudo ou nada ... disse...

Uma saudade infinita esta. Mas tudo passa infelizmente.
Abraços

Anónimo disse...

Se umideça dessa ternura que escorre no anus. E se seque com a vontade de se manter são.

um beijo amor

Aura Sacra Fames disse...

Enquanto somos crianças nada sabemos, tudo ouvimos.

Alguns continuam nesse estágio por muitos e muitos anos, etapa essa classificada por Kant como sono dogmático, por Marx como alienação.

Talvez alguns nunca estejam preparados para ultrapassar esse estado, pois muitos quando o fazem não suportam a realidade, preferem a morte, por isso o número de suicídios aumenta como comprovou o neurocientista Stven Rose em seu livro "O Cérebro no Século XXI".

O que não é cabível é querermos voltar a ser crianças mesmo que a vida nessa sociedade capitalista seja ruim, devemos buscar sempre o esclarecimento, a transformação da sociedade.

Abraço
aurasacrafames.blogspot.com

Vaah'lérye...Do lado de cá do meu mundo... disse...

Às vezes dá um aperto e uma vontade de voltar lá atrás também...

Porém cada fase é única...vc possuía a inoscência de uma criança, porém não tinha a maturidade já conseguida até agora...

Viver a cada minuto, pois quando se pensa que acabou, pasma-se ao perceber que estamos apenas no início...de um novo ciclo....

*adouro vir aki...posso te linkar no meu blog???

beijinho
namastê
vah=)

Lomyne disse...

hum... saudades do tempo de andar com moletom amarrado na cintura... ai, ai...

Olirum disse...

quando ciranças, nos preocupamos tanto em ser adultos que esquecemos de aproveitar tudo que temos direito, e quando finalmente crescemos pesamos que poderíamos ter feitos tantas outras coisas, que poderíamos ter nos sujado mais, enfim, que poderíamos ter aproveitado mais.

ótimo texto

Leonardo Werneck disse...

"quando eu era menino, pensava como menino"... hj tenho só saudade desse tempo.

Engraçado, ontem mesmo comentava sobre minha infância com a minha namorada...

Saudades é tudo que sinto

Daah O. disse...

saudades de ser criança.

Érica disse...

Saudade de poder ser carregada nos braços sempre quando meus minhas perninhas cansavam.

Saudade e a única coisa que nos resta desses momentos que não voltam mais.

Grande abç

Adriano Veríssimo disse...

Obrigados queridos pelos comentários. Não respondi antes pois estive de cama com uma forte gripe durante essa semana.

E pelo jeito, "quase" todos tem saudades da infância hein!?...rs

Beijo grande



A. Veríssimo