1.30.2007

A fé, o desespero e o clamar...( CONTO )

Havia um menino diferente, chamado Gênis, que não sorria, sofria de uma doença rara, que não lhe dava formas musculares no rosto e nem emoções para demonstrar nenhum tipo de sentimento. Ele era assim, o mesmo, o dia inteiro, todos os dias. Sua mãe, o amava, mais que qualquer bem que lhe restava na vida simples e precária que levava. Ela era diarista e seu marido, carpinteiro. O pouco que ganhavam sobrava apenas para as contas e a comida, não tinham condições para o tratamento de Gênis. Os anos passaram e o menino estava se tornando um homem, um homem sem feições, sério e sem palavras.
Um dia a mãe de Gênis estava chorando no quarto, quieta, mas em prantos profundos. Gênis observava pela fresta da porta, e sua mãe apenas dizia:
- Por que? Porque meu Deus? Sempre fui uma mulher batalhadora e o meu unico pedido foi ter um filho, abençoado por Ti ( em soluços ). Amo meu filho, mas nunca poderei desfrutar de netos ou ao menos, um sorriso seu. Quando eu morrer, meu filho ficará desamparado e como farei para ajudá-lo? ( choro e tristeza ).
Gênis, observava, seu olhar fixo nas palavras de sua mãe. Não disse nada, foi para seu quarto. E sem saber sentiu algo no coração, algo que não havia sentido antes. Sem perceber, deixou cair uma lágrima. Era a tristeza. Era o sentimento sendo brotado em seu coração. Aquela sensação aumentou e ele não conseguia controlar e começou a chorar. Sua mãe desesperada foi ao seu quarto e viu a cena, que nunca viu de Gênis. Ele estava tendo alguma emoção. E em pranto ele disse:
- Obrigado mãe! Você me libertou dessa doença! Agora eu posso sentir em meu peito algo. Hoje eu posso falar. Hoje eu sei que eu sou um ser humano e que posso chorar.
Choro e riso se confundem no quarto.
Hoje Gênis, é casado, têm duas filhas. E sua mãe hoje é falecida, porém conheceu as netas antes de partir. A fé, o desespero e o clamar, pode ser bobagem, mas é um ato. Ato de simplicidade, coragem e de sentimento. Somos o que queremos ser, e sentimos o que devemos sentir. Alegre-se pelo riso e pelo choro, eles são a nossa fonte que nos motiva a cada dia.

( Autor: Adriano Veríssimo 31/01/07 10h10 )

Bjo grande,

Adriano Veríssimo

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