7.27.2007

Sôfrego

Sôfrego

Antes de ser quem sou,
Sou eu mesmo
o palhaço desritmado e sem graça
que em vez de rir chora,
o mesmo marinheiro
de mares profundos e bravios,
o homem constante
velho, jovem, inteiro.

Antes de aparentar quem sou,
Sou o mesmo florista
romântico e erudito das rosas.
O perfumista inviolável e exato
com a essência da vida
e o cheiro de mim, da folhas secas
de vento gelado que em mim bate
nesse instante.

Antes de querer ser quem sou
Sou o mesmo poeta, poetinha brilhante,
que escreve seus dias, seus amores
seus acontecimentos ilusórios,
não conhecedor de si e do ser que, agora,
lê essas meras palavras.

Sou eu mesmo, inteiro, preciso, triunfante,
o palhaço do amor, desritmado e incolor,
monstro do lago solitário e impetuoso,
com o mesmo coração que bate por baixo d´agua
ou que sofre a dor de ser quem é,
sem poder antes de sua formalização
à raça humana, poder escolher o seu meio e fim,
o início estava ali, consumado.

Seria bom, antes de ser quem sou,
ser Vinicius, ser Tom, se Lorca, ser Cazuza,
ser Carlos, ser Aristóteles, ser Chico,
ser todos, com seus pontos altos e distintos.
Mas prefiro ser quem sou, único.

Tenho comigo o desejo, que aflora a cada manhã,
que se renova a cada eclipse,
pois antes de ser quem sou,
sou eu mesmo e mais nada:
uma reencarnação mal constituída,
um poeta boêmio, da boemia dita,
Um mero ator de teatro com seus conflitos,
Um homem com sofreguidão.

Sou eu mesmo, o que puder ser, serei,
até conhecer os pontos distantes da vida,
e o mínimo que ela nos dá.
Quando souber quem sou,
mande publicar essas páginas,
mesmo que isso não aconteça,
que as páginas não saiam daqui,
serei venturoso, pois tornei-me perito...
...de mim e mais nada.

(Adriano Veríssimo - 27/07/07 10h30)

2 comentários:

Deusa Do Amor disse...

ola meu lindo amigo
que maravilhoso post...
escrita linda muito...forte...amei te ler
beijo doce no teu coraçao
saudades de tuas maravilhosas visitas
espero que tudo esteja bem

Leticia Monsó disse...

Adriano, gostei muito do que escrevestes... da sua maneira de escrever... foi realmente muito bom saber que no meio de tantos "sofregos" existem remansos pra se descansar .... como foi te ler.

abraços,

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